HIPOCRISIA: EXPRESSÃO MÁXIMA DA VAIDADE

HIPOCRISIA: EXPRESSÃO MÁXIMA DA VAIDADE

Sou de um tempo em que as adversidades da vida fortaleciam o corpo e o espírito. Resistir à dor nos tornava bravos, reconhecer sua própria fraqueza nos tornava sábios, desdenhar das calúnias nos tornava serenos e reconhecer a finitude da vida nos tornava resilientes. Hoje, qualquer dor é logo seguida de um analgésico da moda, a tristeza é medicada com antidepressivos, as crianças mais levadas e irrequietas ganham logo uma droga imbecilizante e as verdades, ditas sem rodeios, viraram crimes previstos no código penal.

Hipócrita é uma transcrição do vocábulo grego “ypokritís” (υποκριτής). Os atores gregos usavam máscaras de acordo com o papel que representavam numa peça teatral. É daí que o termo hipócrita designa alguém que oculta a realidade atrás de uma máscara de aparência.

(https://pt.wikipedia.org/wiki/Hipocrisia)

Estava eu na Faísca, a feira de produtos gráficos de Belo Horizonte, expondo os livros de minha editora, quando fui abordada por uma pesquisadora. Prontamente consenti em lhe dar as respostas ao questionário que tinha em mãos. A terceira pergunta que ela me fez foi em relação à idade, mas ao invés de ir direto ao ponto, começou a ler as alternativas: menos de 18, 18 a 29… Eu a interrompi lhe dizendo que tinha 57 anos. É claro que as faixas etárias do questionário são para facilitar a consolidação dos dados, mas para encurtar o assunto, poderia ter me perguntado a idade, mas as brasileiras ficam ofendidíssimas com essa clássica pergunta, como se envelhecer fosse algo vergonhoso ou até criminoso. Brasileira não envelhece, fica loura com o passar do tempo. Meus cabelos estão naturalmente grisalhos e sou constantemente criticada por isso, como se pintar os cabelos fosse reduzir minha real idade.

A pergunta seguinte foi ainda mais divertida: “qual raça/etnia melhor descreve sua ascendência”. As opções foram bem interessantes: branco, negro, pardo, indígena, asiático, outro. Até onde me ensinaram, as três primeiras opções são cores. Fiquei até surpresa pelo uso da palavra negro e não afrodescendente. Indígena e asiático, obviamente, não são cores, nem raça nem etnia. Ora, quando criança, os termos eram branco, preto, vermelho e amarelo. Apenas cores. Atribuir a elas o peso do preconceito, da xenofobia, da intolerância, da discriminação é como se retirássemos a responsabilidade das pessoas por tais atos. Alguém que agride outros de cor de pele diferente da sua, não o faz por causa da cor propriamente, e sim por que ela é xenófoba, racista, preconceituosa. Ninguém deixa de ser xenófobo por que não usou essa ou aquela palavra “socialmente aceita”. Não são as cores as responsáveis pela agressividade e intolerância das pessoas, mas as próprias pessoas, com sua vaidade, arrogância e egocentrismo.

Nossa sociedade está doente, cega pela vaidade e pela hipocrisia. Maquiar a verdade não a tornará mais bonita, nem melhor.

Não é à toa que John Milton, brilhantemente interpretado por Al Pacino, termina o filme (O advogado do Diabo, 1998) dizendo que a vaidade era seu pecado preferido.

Autora: Médica Cirurgiã Geral Iriam Gomes Starling é também graduada em Belas Artes. Trabalha profissionalmente com ilustração médica desde 1985. O primeiro livro ilustrado foi Obstetrícia, do prof. Mário Correa, 1988. Hoje possui milhares de ilustrações publicadas em livros didáticos e periódicos.

Thomas Agnus https://www.duniverso.com.br/

Autor do livro “O Emburrecimento do Mundo – Dicas Para Extinguir Uma Raça”, lançado pela Editora Viseu. Fundei o Portal Duniverso em 2009, iniciando minha saga como escritor.
P.S.: Nem todos os artigos são de minha autoria. No final de cada um encontra-se o nome do autor.

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