GOLPES

GOLPES

Por Antônio de Oliveira

No poema “Especulações em torno da palavra homem”, Carlos Drummond começa especulando: “Mas que coisa é homem, que há sob o nome?” Arrisco-me a especular sobre o que há sob o nome golpe, incluindo golpe de estado, subversão contra a “ordem” vigente e tomada de poder por indivíduo ou grupo. Para se alcançar êxito, pode depender de outros golpes, golpe de mestre, mediante ação audaciosa e bem-sucedida; golpe de vista, pela capacidade de observar com rapidez e precisão; golpe da sorte, decorrente de acontecimento súbito e inesperado.

Difícil computar as horas de debates inflamados o Congresso consome em assuntos menos relevantes ou de interesse próprio. Palavras são palavras, mas podem decidir a vida das pessoas quando se bate o martelo. O soltar a voz da araponga se diz golpear. Esse pássaro soante, também conhecido como ferreiro, ferrador ou pássaro-campana, quando canta, lembra o som do bater de ferro em uma bigorna. Já o araponga escuta e grava.

A Inconfidência Mineira foi um movimento subversivo de idealistas, sem o devido segredo nem a devida preparação. O grande ícone desse movimento, Tiradentes, foi enforcado, no Rio de Janeiro, no dia 21 de abril de 1792. O Brasil ainda não era considerado independente. Frustraram-se todas as ambições.

Segundo Porto Seguro, foram as decisões tomadas pelas cortes, os “insultos atirados aos deputados brasileiros no recinto das mesmas cortes pelo público das galerias, e pela plebe nas ruas, que agora fizeram cogular todas as medidas”. Às 16h30 do dia sete de setembro de 1822, esquecendo o título que aceitara de Defensor Perpétuo do Brasil, o Príncipe Regente, junto ao ribeiro Ipiranga, lançou o brado de Independência ou Morte. Um golpe que é comemorado com um feriado. A história é uma sequência de golpes. A maioria dos deputados, muitos, candidatos a reeleição, aprovou o pacote com dez medidas contra a corrupção, desfigurando o texto original. E o povo?… “Apenas um detalhe”.

Autor: O professor Antônio de Oliveira, cronista fascinante, é Mestre em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, na Itália. Licenciado em Letras e em Estudos Sociais pela Universidade de Itaúna; em Pedagogia e em Filosofia pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras de São João del Rei. Estágio Pedagógico na França. Contato: [email protected]

Imagem: sxc.hu

Thomas Agnus https://www.duniverso.com.br/

Autor do livro “O Emburrecimento do Mundo – Dicas Para Extinguir Uma Raça”, lançado pela Editora Viseu. Fundei o Portal Duniverso em 2009, iniciando minha saga como escritor.
P.S.: Nem todos os artigos são de minha autoria. No final de cada um encontra-se o nome do autor.

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