Por que a China e a Romênia comemoram dias dos namorados em datas distintas do resto do mundo

Por que a China e a Romênia comemoram dias dos namorados em datas distintas do resto do mundo

Lendas e histórias de amor marcam os festejos de casais em ambos os países; os chineses ainda estão se preparando para o feriado romântico de 2019

 No dia 12 deste mês, os casais brasileiros trocaram presentes, cartas de amor ou flores por ocasião do Dia dos Namorados. A data foi criada em 1948 e executada já naquele ano pelo então publicitário de uma rede de varejo de roupas, João Dória, pai do governador de São Paulo, João Doria Jr.

No entanto, existem várias outras comemorações de namorados em diferentes tradições pelo mundo. Um dos mais conhecidos é o Festival Qi Xi, na China, baseado em uma lenda sobre o amor entre Zhi Nu e Niu Lang. Neste ano, o Dia dos Namorados chinês acontecerá no dia 7 de agosto, mas a data tem suas origens há dois mil anos, desde a Dinastia Han (206 a.C – 220 d.C).

A história que ilustra o Qixi diz que Zhi Nu, uma deusa famosa por suas habilidades de tecelã – a China tem os maiores campos de colheita de algodão do mundo -, veio ao mundo mortal e conheceu um fazendeiro chamado Niu Lang. Ela foi trazida por um boi que tinha sido resgatado por Niu Lang e que, em retribuição, convidou a deusa para vir à Terra. Os dois se apaixonaram, casaram-se e tiveram dois filhos (uma menina e um menino) durante o período em que estiveram juntos.

Porém, quando a mãe de Zhi Nu, a rainha-mãe do céu, descobriu a união da filha com um mortal, ficou furiosa e tirou a deusa do mundo à força com a ajuda de soldados celestiais. De volta ao céu, sua morada anterior, Zhi Nu deixou Niu Lang angustiado na Terra. No entanto, o velho boi que ele tinha resgatado tempos antes lhe revelou que era, na verdade, um deus ferido que vivia desde então no mundo mortal. Ele ofereceu sua vida ao fazendeiro, porque com a pele do seu corpo Niu Lang poderia fazer sapatos que lhe permitiriam voar até o céu e reencontrar Zhi Nu.

Crédito: divulgação

Quando o boi morreu, Niu Lang cumpriu a orientação, mas a tentativa de encontrar Zhi Nu com os dois filhos falhou, porque a rainha-mãe usou um grampo dos seus cabelos para criar um rio de estrelas que se tornaria a Via Láctea, o que separou definitivamente os dois amantes. Seus gritos de dor tocaram os pássaros (que na lenda chinesa aparecem como os pica-paus asiáticos) que resolveram construir uma ponte para o casal se encontrar acima do rio.

A rainha-mãe, impressionada com o esforço dos animais e o amor da filha e do fazendeiro, concordou em permitir que o casal se encontrasse uma noite por ano no Qixi, a sétima noite do sétimo mês do calendário lunar chinês. Desde então, ele se tornou o dia que se lembra da existência do amor verdadeiro.

Na Romênia, o Dia dos Namorados também não é igual ao Valentine’s Day dos Estados Unidos ou à nossa data, que costuma fazer a alegria dos comerciantes (o serviço de floricultura em Curitiba virou a noite anterior ao dia 12/06 vendendo buquês) e dos restaurantes. Na mitologia tradicional romena, a história de amor que marca a data é de Dragobete, um jovem deus do panteão autóctone considerado o santo patrono do amor e da alegria — é geralmente associado com o cupido, da mitologia romana, e com o deus grego Eros.

Existem várias interpretações sobre a figura do deus romeno. De forma geral, pode-se dizer que Dragobete era filho de Baba Dochia que, por sua vez, era filha do último rei daciano, Decebalus. Também conhecido como Dragomir, o jovem é descrito na mitologia como “metade homem e metade anjo”, além de ser bonito, imortal e ter a capacidade de andar pela Terra assim como outras criaturas e semideuses do panteão. Porém, as pessoas não conseguem vê-lo por causa da decadência da sociedade em que vivem.

Alguns etnógrafos ligam o feriado de Dragobete à chegada da primavera na Europa. Em algumas regiões da Romênia, o jovem deus é considerado também o patrono dos pássaros e, dessa forma, o feriado significa a fertilidade e o renascimento da natureza após o inverno. O dia 24 de fevereiro marca, no continente europeu, um mês de antecedência à chegada do equinócio da primavera, quando os pássaros voltam para construir seus ninhos, as árvores voltam a crescer e a natureza retorna à vida depois do inverno rigoroso. Na Romênia, vale dizer, as temperaturas entre dezembro e janeiro chegam a zero grau.

Para celebrar o aniversário de Dragobete, festas são organizadas e muitos casamentos são marcados para a data. Os homens e as mulheres usam roupas especiais e se encontram apenas em frente aos templos das cidades, onde começa uma busca: ambos precisam ir às florestas e colher flores primaveris.

Os meninos que encontram flores de morango são os mais sortudos, pois a mitologia romena afirma que elas possuem poderes mágicos. Eles fazem pequenos buquês e lavam as pétalas nas águas usadas pelas mulheres para lavar os cabelos enquanto recitam poemas “mágicos”. As meninas, por sua vez, voltam correndo à cidade ou vila e esperam pela chegada dos garotos com as flores, quando eles podem, enfim, se declarar às suas amadas – caso elas gostem de quem lhe trouxe flores, o casal deve anunciar publicamente o seu amor dizendo “Dragobetele sărută fetele” (Dragobete beija as meninas).

À noite, homens e mulheres voltam à floresta em direção às montanhas para sentar ao lado de fogueiras e conversarem até o amanhecer.

Grande abraço!

Press Office

Thomas Agnus https://www.duniverso.com.br/

Autor do livro “O Emburrecimento do Mundo – Dicas Para Extinguir Uma Raça”, lançado pela Editora Viseu. Fundei o Portal Duniverso em 2009, iniciando minha saga como escritor.
P.S.: Nem todos os artigos são de minha autoria. No final de cada um encontra-se o nome do autor.

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