Físicos de universidade escocesa determinam: a “realidade” não existe

Físicos de universidade escocesa determinam: a “realidade” não existe

Grupo de físicos quânticos europeus estudou percepção dos “fatos objetivos” que conformam a realidade e descobriu que, na prática, ela depende de quem a observa

 Na vida diária há fatos que parecem ser indiscutíveis: se uma pessoa joga uma pedra do alto de uma montanha, por exemplo, a expectativa é que ela voe pelos ares e depois caia no chão. Ou uma bola chutada por crianças numa rua não deixa dúvidas de que se trata de um objeto redondo. São o que se costuma chamar de “realidade”, porque são certas para qualquer pessoa.

Essa certeza, porém, é complicada pelo que a física quântica vem chamando de escalas nanométricas — regras que regem o cotidiano e que não se aplicam da mesma maneira a tudo. Nesse nível de observação, acontecem coisas estranhas que, até agora, só foram observadas teoricamente. No entanto, um grupo de investigadores de uma equipe internacional afirma agora que, pela primeira na história, conseguiu demonstrar — em um experimento científico — que, a nível quântico, não existem fatos objetivos e, que, assim, a realidade depende de quem a olha.

A teoria quântica sustenta que o observador de um fato influencia na maneira em que ele é percebido — uma percepção compartilhada por ramos da psicologia, da sociologia e da filosofia. É dizer, de outra forma, que uma bola não é uma bola para todo mundo.

Físicos da Universidade Heriot-Watt, na Escócia, criaram um experimento a partir de quatro máquinas sofisticadas que serviram como “observadores” — em outras palavras, elas fizeram as vezes de pessoas. Cada uma delas recebeu um nome para a prova, que foi organizada de modo em que duas delas recebessem um fóton (uma partícula quântica que compõe a luz) e, depois, enviassem essa “mensagem” para as outras duas.

Crédito: divulgação

A descoberta foi que, apesar das duas primeiras máquinas terem enviado a mesma informação às duas últimas, elas tiveram interpretações diferentes da mensagem que receberam. “O processo é complexo, mas é como se se formasse um telefone sem fio em que uma mesma mensagem se transforma à medida que passa de uma pessoa a outra”, contou o físcio Alessandro Fedrizzi, líder do Instituto de Fotônica e Ciências Quânticas da Universidade Heriot-Watt, ao jornal britânico The Guardian. “O resultado está relacionado com um conceito que diz que as partículas podem se entrelaçar e mudar dependendo de quem as observa”, completou.

De acordo com ele, o experimento teve como grande trunfo provar que, ao menos em teoria quântica, não há como comprovar a existência da realidade. “Isso é algo que normalmente não esperamos da ciência, porque, na ciência, é muito importante que os fatos sejam iguais para todos os observadores. Quando falamos de fatos da vida real, são coisas que se podem verificar muito rápido. O que estamos dizendo é que, em teoria quântica, em um nível profundo, os fatos não são objetivos para os observadores”, explicou o físico.

De acordo com o estudo, a possibilidade mais aceita pela física quântica, a partir desse experimento, deve ser de pensar a realidade como “subjetiva”. O problema, segundo Medrizzi, não afetará a vida cotidiana, mas o desenvolvimento da ciência — ao menos o da mecânica quântica — será impactado pela descoberta. “Qualquer coisa que a gente entende como um fato científico é sempre algo que podemos estar de acordo. É o que permite o desenvolvimento científico”, expôs ele.

O problema dos físicos é maior do que se imagina: a descoberta coloca em suspenso a ideia de que há uma fronteira entre a ciência quântica e a vida diária (“leis clássicas”, na linguagem física), porque os únicos sistemas que são comprovadamente regidos pela quântica são minúsculos: casos dos nanogramos e microgramos. “Seria possível descrever uma bola usando as regras da mecânica quântica, mas ela é um objeto tão grande que as propriedades quântica que ela possui são imperceptíveis. As quantidades que se obtêm da observação científica de um objeto tão grande nos dizem que os efeitos quânticos nesta escala simplesmente não podem ser observados no mundo real”, explicou.

“Não significa que não seja quântico, só que os efeitos não são visíveis nessa escala”, finalizou.

Grande abraço!

Press Office

Thomas Agnus https://www.duniverso.com.br/

Autor do livro “O Emburrecimento do Mundo – Dicas Para Extinguir Uma Raça”, lançado pela Editora Viseu. Fundei o Portal Duniverso em 2009, iniciando minha saga como escritor.
P.S.: Nem todos os artigos são de minha autoria. No final de cada um encontra-se o nome do autor.

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