CONVIVENDO COM A DOR

CONVIVENDO COM A DOR

Por Antônio de Oliveira

Para Arthur Schopenhauer, n’As Dores do Mundo’ [Die Schmerzen der Welt], a existência tem como finalidade a dor. O bem, a felicidade, a satisfação são negativos, pois não fazem senão suprimir um desejo e afastar um desgosto. Consideramos as alegrias aquém da nossa expectativa, ao passo que as dores a elas excedem. Lembro-me de ter ouvido esse pensamento quando tinha dez anos. Hoje ouço Jota Quest: As Dores do Mundo.

A dor é universal, primeira grande verdade sublime do budismo. Um vale de lágrimas? Lágrimas ao sentir dor, ao verter sentido pranto de contrição, ao chorar lágrimas de sangue. Sangue que escorre, diuturnamente, devido a crimes horrendos. Matéria farta para noticiários. Violência de todo naipe. O barracão de zinco, sem telhado, desceu o morro. A poesia se instalou debaixo de marquises urbanas, deixando escancarada cruel e desafiante realidade. Varia seja a intensidade da dor, proveniente inclusive de intempéries, bem como a reação de cada pessoa em busca de um lenitivo ou de um milagre. Há quem conviva e aprenda com a dor.

Corpo do pai ou da mãe, corpo do filho ou da filha, lembram o de gêmeos siameses e a história dos Irmãos Corsos [Les Frères Corses], de Alexandre Dumas, pai. Pais, sofremos mais por eles do que por nós próprios. Se filho ou filha deficiente, o carinho, tornado dedicação especial, é produto do amor. No filme “Intocáveis”, um milionário tetraplégico contrata, como cuidador, um sujeito aparentemente desajeitado. Uma feliz relação transforma a vida do doente. Schopenhauer indica a atividade musical como terapia da dor.

Semana da Paixão. 2019. Rompimento de barragem em Brumadinho, mega reedição de Mariana. Em Suzano, Estado de São Paulo, massacre de inocentes. Lamentos, choro, consternação. “Tem dó desses gritos! compreende esses ais.” D-O-R… Apenas três letras. Ai, mas como dói uma vogal entre duas consoantes dolorosas! Como terapia cristã da dor, a fé move montanhas.

Autor: O professor Antônio de Oliveira, cronista fascinante, é Mestre em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, na Itália. Licenciado em Letras e em Estudos Sociais pela Universidade de Itaúna; em Pedagogia e em Filosofia pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras de São João del Rei. Estágio Pedagógico na França. Contato: [email protected]

Imagem: freeimages.com

Thomas Agnus https://www.duniverso.com.br/

Autor do livro “O Emburrecimento do Mundo – Dicas Para Extinguir Uma Raça”, lançado pela Editora Viseu. Fundei o Portal Duniverso em 2009, iniciando minha saga como escritor.
P.S.: Nem todos os artigos são de minha autoria. No final de cada um encontra-se o nome do autor.

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