A filosofia greco-romana de dois mil anos que ajuda a viver o presente

A filosofia greco-romana de dois mil anos que ajuda a viver o presente

O estoicismo, pensamento de Epiteto e, posteriormente Sêneca, se tornou fonte de auto-ajuda nos tempos atuais

O estoicismo, como filosofia, é um conjunto de ensinamentos de um filósofo grego chamado Epiteto. Como prática, é possível colocar como um dos seus grandes ensinadores o piloto das Forças Aéreas dos Estados Unidos James Stockdale. No seu país, a história é famosa, mas fora dos EUA é quase desconhecida: em 1965, durante a guerra contra o Vietnã, ele passou sete anos preso pelos vietnamitas — na cadeia, não apenas entrou em contato com o filósofo, mas escreveu as notas de vários livros.

Hoje, obras como In Love And War (1984, sem tradução para o português) e Courage Under Fire (1990) estão sempre nos catálogos principais das livrarias dos EUA. Segundo Stockdale, Epíteto lhe ensinou que, para manter o controle da mente, é necessário um “controle moral” e uma “responsabilidade de ação”. “Eu decido e controlo a minha própria destruição e a minha própria liberação”, afirma em um dos seus livros.

A filosofia do estoicismo afirma que, mais importante do que a razão são as emoções, que podem ser tão destrutivas que permitem erros na maneira de ver o mundo. Profundamente seguida na civilização greco-romana e, assim, no Ocidente, suas ideias estão presentes tanto em religiões como cristianismo e budismo como em pensamentos filosóficos complexos, como o do alemão Immanuel Kant.

Em alguns programas de filosofia EaD, é uma disciplina própria. Hoje há até uma psicoterapia (a cognitiva) com bases na obra de Epíteto. Em Stockdale, o estoicismo pode ser resumido, de forma breve e simples, em três ideias: o que tiver acontecer acontecerá quando tiver que ser, deixe para trás as coisas que estão fora de controle e se preocupe com aquelas que podem ser controladas e não espere que o mundo seja como deveria, mas como ele é.

 Crédito: divulgação

Os primeiros estoicistas criaram uma filosofia que oferecia uma visão unificada do mundo e do lugar que o homem ocupa nele. Com os primeiros escritos no século III a.C, o esboço do pensamento se ampara em três partes: na ética, na lógica e na física. Segundo eles, o universo é governado pela razão (ou logos), um princípio divino que domina tudo: estar em harmonia com esse universo significa estar em uma relação positiva com Deus, portanto. Assim, os homens que são virtuosos, ou seja, guiados pela razão — uma capacidade dada por Deus –, florescem e se desenvolvem como seres humanos.

No ano 100 a.C, depois de dois séculos de sucesso na Grécia, o estoicismo chegou a Roma por meio de Sêneca, conselheiro do então imperador romano Nero, que ficou impressionado com a capacidade da filosofia grega em preparar os homens para enfrentar as desgraças da vida. “A maioria dos homens flutuam entre o medo da morte e as dificuldades da vida. Não estão dispostos a viver e, no entanto, não sabem como viver”, escreveu Sêneca em uma carta a um amigo.

Para os estoicistas, além do mais, as paixões (emoções) se dividiam em três categorias: as boas, as ruins e as neutras (ou indiferentes), das quais as más eram as que deveriam ser centradas — para se aprender a lidar com elas. Foi Sêneca, em um texto que hoje é facilmente encontrado na Internet chamado “Sobre a Ira”, que propôs formas de lidar com as paixões ruins.

Um dos ensinamentos de Sêneca é que uma pessoa sempre tem uma percepção ruim sobre algo que aconteceu, mas tem a possibilidade de mudá-la. Pode dizer a si mesma, por exemplo, que aquilo não foi tão ruim, que foi um acidente ou que não havia uma intenção em fazer, por exemplo. “Os homens não são perturbados pelas coisas, mas por suas opiniões sobre elas”, já tinha escrito Epiteto. “Isso significa que são nossas opiniões sobre as coisas que determinam se vamos ficar chateados ou não com elas”, complementa o filósofo Mateus Mendonça, da Universidade Federal do ABC (UFABC).

Epíteto também se preocupava muito em afirmar que as preocupações devem se reduzir ao que está sob nosso controle. Para ele, são os juízos, as opiniões e os valores que podem ser adotados e modificados ao longo de uma vida. Todo o resto, exterior a qualquer pessoa, não deve ser fonte de preocupação. “Você pode influenciar seu corpo por meio de uma dieta, fazer exercícios, mas, ao fim e ao cabo, o seu corpo não está sob seu controle, porque um vírus ou um acidente pode destruí-lo momentaneamente”, finaliza Mendonça.

Grande abraço!

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Thomas Agnus https://www.duniverso.com.br/

Autor do livro “O Emburrecimento do Mundo – Dicas Para Extinguir Uma Raça”, lançado pela Editora Viseu. Fundei o Portal Duniverso em 2009, iniciando minha saga como escritor.
P.S.: Nem todos os artigos são de minha autoria. No final de cada um encontra-se o nome do autor.

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