IGUAÇU

IGUAÇU

Por Antônio de Oliveira

Transcrevo abaixo dois recortes, o primeiro, de Rubem Braga; o segundo, de Manuel Bernardes, escritor uruguaio. Ambos os cronistas estão diante das Cataratas do Iguaçu, em momentos diferentes.

“Chegamos, e então tudo aquilo está acontecendo de maneira urgente, o mato, a água, a pedra, o ar. Aquilo está havendo naquele momento, como o movimento de um grande animal bruto e branco morrendo, cheio de uma espantosa vida desencadeada, numa agonia monstruosa, eterna, chorando, clamando.” (Em A Borboleta amarela)

“El sol, misericordioso, salió breves minutos para mi y vi a mis pies el grandioso semicírculo en que brama y se despeña una muchedumbre de cataratas, que no se muestran a la mirada avara sino púdicamente, veladas por una gasa de pálido celeste, en que el sol pone a veces bullonados de rosa. Aquella vasta zona de cascadas apacienta los ojos, sacia el alma de emoción y la levanta, y la lleva como en alas a regiones excelsas…”

Fenômeno excelso, fabuloso. Ambos os cronistas se extasíam ante uma das grandes maravilhas do mundo. E nos deixam extasíados também. Elevam-nos, do plano da visão, ao nivel da contemplação e, desse, ao do êxtase.

O cronista com alma de artista transmite esse encantamento em letras falantes, arrebatadoras. Recuperado o fôlego, caímos na real. A arte preenche os entreatos. Suspende a respiração para introjetar a transfiguração. No caso das cataratas do Iguaçu, águas que jorram sem cessar dos olhos d’alma…

(…)

Contraste: Em decorrência do rompimento de barragem em Brumadinho, entre outras consequências, num determinado trajeto, águas do Rio Paraopeba se tornaram impróprias para o consumo. Lembrei-me do longo poema “A balada do velho marinheiro”, de Samuel Taylor Coleridge, tendo a destacar dois versos: “Water, water everywhere, / nor any drop to drink”. Água, água em toda parte / E nem uma gota para beber…

A propósito, iguaçu significa água grande e paraopeba, rio das águas rasas…

Professor | Escritor |  Poeta
Antônio de Oliveira
| Professor | Escritor | Poeta
email:  [email protected]
endereço:  Belo Horizonte Minas Gerais

Imagem: Por Martin St-Amant (S23678) – Obra do próprio, CC BY 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=3945853

Thomas Agnus https://www.duniverso.com.br/

Autor do livro “O Emburrecimento do Mundo – Dicas Para Extinguir Uma Raça”, lançado pela Editora Viseu. Fundei o Portal Duniverso em 2009, iniciando minha saga como escritor.
P.S.: Nem todos os artigos são de minha autoria. No final de cada um encontra-se o nome do autor.

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