Mudar é Preciso

Mudar é Preciso

Por Antônio de Oliveira

Estamos cheios de discursos vazios. Mas há quem goste, aprecie, e até incentive. Haja vista os horários políticos obrigatórios. Aliás, o voto também é obrigatório. Na prática, preferimos criticar o sistema e as heranças malditas, ao invés de sermos agentes de mudança. A inovação paira e para nas intenções. Cada dia mais ministérios, secretarias, departamentos, cargos de confiança.

Pior: o discurso vazio, mantido à custa do dinheiro público, muitas vezes descaracteriza a realidade em busca de apoio político e de votos. E isso nos três níveis: municipal, estadual e nacional. São sobejamente conhecidos, entre nós, os termos: apadrinhamento, conchavo, continuísmo, jeitinho, nepotismo, propina, quem indicou (QI) e mensalão, conhecido internacionalmente, em inglês, como “big montly stipend”.

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Os telejornais não se cansam de mostrar nossas mazelas. Mas aí vêm as justificativas, as desculpas, as promessas, o esgueirar-se por atalhos, o tirar o corpo fora. Guido Vilmar Sassi, embora noutro contexto, dá o retrato e o recado dessa expressão: “Agora é na moleza, no faz-de-conta-que-vou-mas-não-vou. Sabe tirar o corpo fora, quando o encarregam de um trabalho”. Mesmo satirizados os políticos pelos humoristas, o humor não passa do riso.

Na verdade, existe um mecanismo quixotesco para escapar às críticas: sublimando-as. E é aí que mora o perigo, na bela exposição de Miguel Torga: “Quando o homem sublima as coisas, nascem os deuses pagãos; quando sublima o semelhante, nasce Cristo; quando se sublima a si próprio, nasce o tirano”.

Num país do futuro, a palavra de ordem veladamente é procrastinar. Procrastinar, ao pé da letra, significa deixar para amanhã. Essa, sim, talvez seja uma herança lusitana, e que herança!

Por sinal identificada, em latim, pelo próprio escritor Eça de Queirós, n’A ilustre Casa de Ramires, como “procrastinare lusitanum est”. Adiar é lusitano. E não menos brasileiro.

Ah! deixa isso para depois…

Autor: O professor Antônio de Oliveira, cronista fascinante, é Mestre em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, na Itália. Licenciado em Letras e em Estudos Sociais pela Universidade de Itaúna; em Pedagogia e em Filosofia pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras de São João del Rei. Estágio Pedagógico na França. Contato: [email protected]

Thomas Agnus https://www.duniverso.com.br/

Autor do livro “O Emburrecimento do Mundo – Dicas Para Extinguir Uma Raça”, lançado pela Editora Viseu. Fundei o Portal Duniverso em 2009, iniciando minha saga como escritor.
P.S.: Nem todos os artigos são de minha autoria. No final de cada um encontra-se o nome do autor.

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