Manhã na Roça

Manhã na Roça

Por Antônio de Oliveira

Beleza rural: por muitos, apreciada; por outros, desconhecida; por outros, ainda, descaracterizada, depredada, devastada.

Manhã. Arvoredo coberto de branco véu. Do néctar das flores exala suave e agradável aroma de deliciosa, fragrante embriaguez. Os galhos abrigam a passarada que dá voz à natureza ao romper da aurora. Cheiro de mato, de alfazema, de alecrim. Alcandorando-se nas copas de majestosas mangueiras, bandos de pássaros-pretos anunciam a alvorada. Pássaros outros gorjeando; um galo cantando. Vegetação exuberante. Aguada farta, boas vertentes, arroios a proporcionarem de beber aos animais.

Manhã. Ouverture da ”sinfonia de pardais cantando para a majestade, o sabiá”. O joão-de-barro à cata de gravetos para construir, sustentar, aquecer o ninho. Galinhas ciscando, cocoricando seu hino ao amanhecer. Da soleira da porta, a a menininha atira migalhas de pão para as galinhas e seus pintinhos. Tão pequenina, e nem precisa agachar-se para acariciar seu cachorro, de nome Xodó, e desejar-lhe um bom dia de cão. A gente abre a janela para o sopro de vida entrar. Do jardim, adocicada fragrância de jasmim, baunilha.

Em “Silêncio”, um personagem do filme fala para o jesuíta Rodrigues “rezar, mas de olhos abertos” porque Deus está na natureza, no som das marés, no topo de uma montanha, na bela fotografia de Rodrigo Prieto, e está no Japão e em Portugal, no Cristo e no Buda. De olhos abertos, na roça se veem galináceos a passearem pela grama, de tempos em tempos perseguidos pelos cachorros e acariciados pelos cachorrinhos brincalhões. Sobre o varal, um gato reluzente lambe as próprias patas como que as acariciando. Natureza não corrompida, avessa a guerras, ao ódio, aos horrores da violência física, achaques e assaltos dos humanos. O jardim e suas flores, as árvores e todos os animais, mugidos de gado. Cavalos resfolgando, relinchando, escarvando o solo. Nada disso deveria ser adulterado pela ruindade humano-desumana.

ANTÔNIO DE OLIVEIRA

[author] [author_image timthumb=’on’]https://www.duniverso.com.br/wp-content/uploads/2014/03/foto-antonio-oliveira.jpg[/author_image] [author_info]O professor Antônio de Oliveira, cronista fascinante, é Mestre em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, na Itália. Licenciado em Letras e em Estudos Sociais pela Universidade de Itaúna; em Pedagogia e em Filosofia pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras de São João del Rei. Estágio Pedagógico na França. Contato: [email protected][/author_info] [/author]

Imagem: sxc.hu

Thomas Agnus https://www.duniverso.com.br/

Autor do livro “O Emburrecimento do Mundo – Dicas Para Extinguir Uma Raça”, lançado pela Editora Viseu. Fundei o Portal Duniverso em 2009, iniciando minha saga como escritor.
P.S.: Nem todos os artigos são de minha autoria. No final de cada um encontra-se o nome do autor.

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