LEILÃO DO MEIO AMBIENTE

LEILÃO DO MEIO AMBIENTE

Por Antônio de Oliveira

A natureza está morrendo. Por enquanto, em agonia. Despojos a leiloar. Consequência do consumismo, da depredação, da sujeira, da poluição, do desmatamento, do lucro desmedido do ser humano considerado a medida de todas as coisas. Um quadro de desolação ambiental como o de pós-desastre ecológico de Mariana, de proporções avassaladoras do sistema Terra, consequentemente dos seres vivos. Não bastassem as forças da erosão que eventualmente castigam e desfazem a beleza paisagística de bosques, pradarias e montanhas. À sombra de uma árvore, de águas abundantes em seus limites, um banco tosco se torna macio. Como é desolador o ambiente do leito seco de um rio outrora caudaloso ou de uma bica que corria incessante. Quando, então, não mais se ouve o som puro de seu marulhar cadenciado. Da cadência da natureza.

Em 1984, versejando como de hábito, Carlos Drummond de Andrade já fazia os cálculos: “De cada cem árvores antigas /restam cinco testemunhas / acusando o inflexível carrasco secular. / Restam cinco, não mais. Resta o fantasma / da orgulhosa floresta primitiva”.

Imensamente mais significativo que o tapete vermelho de astros e estrelas de Hollywood é o tapete verde da natureza sobre a superfície da terra. Imagem, aliás, de Monteiro Lobato: “A natureza criou o tapete sem fim que recobre a superfície da terra. Dentro da pelagem desse tapete vivem todos os animais, respeitosamente. Nenhum o estraga, nenhum o rói, exceto o homem”.

Palavras adultas e atuais, tanto de Drummond como de Lobato. Na medida certa, o dinheiro tem seu lado utilitário: põe a mesa, financia o livro, alimento da alma; paga o remédio, banca o progresso, o lazer. Entretanto, por detrás do dinheiro e atrás dele, essa fúria devastadora em busca de mando, prestígio, poder, glória. Ambição, muita ambição. Propinas que escorrem por um saco sem fundo, ou por um encanamento volumoso. Descaso sem medida e sem fim, desmedido, inconsequente…

Autor: O professor Antônio de Oliveira, cronista fascinante, é Mestre em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, na Itália. Licenciado em Letras e em Estudos Sociais pela Universidade de Itaúna; em Pedagogia e em Filosofia pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras de São João del Rei. Estágio Pedagógico na França. Contato: [email protected]

Imagem: sxc.hu

Thomas Agnus https://www.duniverso.com.br/

Autor do livro “O Emburrecimento do Mundo – Dicas Para Extinguir Uma Raça”, lançado pela Editora Viseu. Fundei o Portal Duniverso em 2009, iniciando minha saga como escritor.
P.S.: Nem todos os artigos são de minha autoria. No final de cada um encontra-se o nome do autor.

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