Dia da Santa Cruz

Dia da Santa Cruz

Instrumento de suplício, a cruz tornou-se glorificada pelo fato de Jesus ter morrido crucificado. Publicitários chegam a admitir que o cristianismo detenha, sob a forma de cruz, o melhor símbolo do mundo ocidental. Ou, na linguagem deles, logomarca.

Sinal que ocupa lugar de destaque nas comunidades cristãs pelo mundo afora. A cruz brilha iluminada nas torres de templos, principalmente de capelas construídas no alto das penhas. Descansa altaneira sobre tumbas de cemitérios. No Brasil, cravada na borda dos caminhos, uma cruz tosca, feita com pedaços de taquara amarrados com cipós, amarra também a atenção do transeunte a emboscadas, tocaias, acidentes de trânsito.

“Caminheiro que passas pela estrada, seguindo pelo rumo do sertão, quando vires a cruz abandonada, deixa-a em paz dormir na solidão.” A Cruz da Estrada, na voz de Castro Alves, está abandonada, velando, solitária, a campa rasa de humilde escravo assassinado.

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Persignar-se, do latim “per signum”, corresponde às palavras iniciais do chamado sinal-da-cruz ou pelo-sinal dos cristãos. Por vezes, de forma canhestra, automática, como na descrição de Fernando Sabino, na hora do aperto ou do medo, num possível último Encontro Marcado: “Agora que o avião corria pela pista quase a desgarrar-se do solo, o homenzarrão não resistiu e levou a mão à testa como se consertasse o cabelo, ao peito, depois ao ombro esquerdo como se tirasse um cisco do paletó, ao ombro direito e finalmente à boca, como se roesse a unha… Era o sinal da cruz mais camuflado de que ele seria capaz.”

A cruz me faz pensar na cruz que representamos para os outros. Geralmente a nossa é que considerada pesada e frequentemente ainda se pede a Deus que diminua o peso. Outras vezes, a imagem da cruz é usada para situações críticas, sem saber como livrar-se, entre a cruz e a água benta, entre a cruz e a espada, entre o fogo e a frigideira. E, no frigir dos ovos, cada um com a sua cruz…

Autor: O professor Antônio de Oliveira, cronista fascinante, é Mestre em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, na Itália. Licenciado em Letras e em Estudos Sociais pela Universidade de Itaúna; em Pedagogia e em Filosofia pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras de São João del Rei. Estágio Pedagógico na França. Contato: [email protected]

Imagens: morguifile.com

Thomas Agnus https://www.duniverso.com.br/

Autor do livro “O Emburrecimento do Mundo – Dicas Para Extinguir Uma Raça”, lançado pela Editora Viseu. Fundei o Portal Duniverso em 2009, iniciando minha saga como escritor.
P.S.: Nem todos os artigos são de minha autoria. No final de cada um encontra-se o nome do autor.

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