As Tentações No Deserto

As Tentações No Deserto

Por Antônio de Oliveira

“Last Days in the Desert” é um filme americano dirigido pelo colombiano Rodrigo Garcia. Não se faz aqui uma crítica ao filme no seu viés bíblico. Contudo, a partir de seu enredo, várias, profundas e ricas reflexões podem ser extraídas, dentre elas, solidão e confronto com as tentações.

“Jesus foi então conduzido pelo Espírito, ao deserto, para ser tentado pelo Diabo”. Assim se inicia o capítulo quarto do Evangelho de São Mateus. O filme aborda supostamente os últimos dias no deserto, a caminho de Jerusalém. O entendimento de um período exato, ao todo, de 40 dias e 40 noites, em jejum e oração, não vem ao caso. Trata-se de um período longo, conclusivo e decisivo de provação, de confrontação psicológica, mais do que de jornada física, Conclua-se que sempre haverá crise, sempre faltará completude à humanidade. A explicação de quem seja Deus vem mais do Diabo que do próprio Jesus, cujas primeiras palavras, no filme, “Pai, onde estás?”, coincidem com uma de suas últimas, na cruz.

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Imagem: foto / Divulgação

Ao longo do filme, através da fotografia, filtra-se o olhar divino. Raios solares inundam o quadro, cuja intensidade é monitorada nos momentos mais dramáticos. Jesus, que enfrenta a personificação do Diabo, é estrelado por Ewan McGregor, a desdobrar-se nos papéis de homem santo e diabo, Deus e o Diabo na Terra do Sol. De propósito ou não, esse duplo desempenho antagônico é relevante. Dessa leitura psicanalítica de Jesus cabe outra leitura. Dentro de cada uma, cada um de nós, duelam um anjo e um leão; aquele representando o bem; esse, o mal. Este, leão a rugir, provoca, dentro de nós, descrença, ambições desmedidas, incontidos rancores… Será que o maior inimigo de nós mesmos estaria dentro de nós próprios?

Recorrente nas obras de Guimarães Rosa, a presença do Diabo torna e retorna a Riobaldo: “quem-sabe, a gente criatura é tão ruim, tão, que Deus só pode às vezes manobrar com os homens, é mandando por intermédio do diá?”

Autor: O professor Antônio de Oliveira, cronista fascinante, é Mestre em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, na Itália. Licenciado em Letras e em Estudos Sociais pela Universidade de Itaúna; em Pedagogia e em Filosofia pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras de São João del Rei. Estágio Pedagógico na França. Contato: [email protected]

Imagem: youtube

Thomas Agnus https://www.duniverso.com.br/

Autor do livro “O Emburrecimento do Mundo – Dicas Para Extinguir Uma Raça”, lançado pela Editora Viseu. Fundei o Portal Duniverso em 2009, iniciando minha saga como escritor.
P.S.: Nem todos os artigos são de minha autoria. No final de cada um encontra-se o nome do autor.

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