Adele de “25”: a britânica que está revolucionando o mercado fonográfico

Adele de “25”: a britânica que está revolucionando o mercado fonográfico

Por Raphael Granucci

Adele ficou conhecida em todo o mundo com o seu primeiro álbum, “19”, no ano de 2008. Ali estava uma cantora e compositora com voz poderosa, mas que ainda não havia se destacado entre os demais artistas britânicos que seguiam a linha de melodias mais simples com letras mais intensas. Seu sucesso veio para valer com o seu segundo lançamento, “21”, em 2011, que a lançou para o sucesso instantâneo, com canções como “Rolling In The Deep” e “Someone Like You”.

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Imagem: pinterest

Naquele momento, toda a aparição de Adele já era um grande fenômeno, principalmente quando a cantora precisou se afastar da mídia devido a uma cirurgia em suas cordas vocais, o seu instrumento mais poderoso de trabalho. A cirurgia ocorreu da melhor forma possível e logo a cantora voltou aos spotlights para receber o Oscar pela canção tema do filme “007 – Operação Skyfall”, o primeiro para uma música da série. Depois disso, Adele dedicou um tempo para cuidar da família, enquanto os fãs ao redor do mundo esperavam ansiosamente por um novo álbum de inéditas.

O principal questionamento era: do que Adele poderia reclamar? Com o sucesso de “21” baseado em um único relacionamento desastroso, mas que fez uma multidão de pessoas se identificarem com versos como “vou encontrar alguém como você” ou “atirei fogo na chuva”, como Adele poderia fisgar novamente esse público se tudo em sua vida corria tão bem?

Se antes a cantora despretensiosa de “19” optava pela pura sinceridade, a cantora que estava prestes a lançar “25” teve que lidar agora com a pressão da própria indústria que queria fazer de seu próximo álbum um grande lançamento, assim como havia sido o anterior, que se tornou o disco mais vendido da década.

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Imagem: Karen Blue via Wikimedia Commons

A vida aconteceu, e nasce “25”
Em carta divulgada nas suas redes sociais, depois de meses em silêncio, Adele responsabiliza tanto a demora do novo álbum quanto a sua temática à própria vida. A maternidade, perdoar o passado e compreender o momento vivido por ela foram alguns dos temas que a cantora abordou neste disco recém-lançado e que já vem quebrando recordes, como o álbum mais vendido em apenas um final de semana e também o videoclipe mais visto em apenas 24 horas, da música “Hello”.

A qualidade do álbum é algo inegável para muitas pessoas, mas algumas ainda contestam: ele é tão verdadeiro quanto os dois primeiros da carreira da britânica?

A própria Adele assumiu que sua primeira tentativa de voltar aos holofotes foi descartada pela gravadora, pois saía completamente do rumo que ela havia tomado para chegar onde estava. E, assim, a cantora recomeçou do zero, buscando novamente no passado a inspiração para conquistar o mundo e mandar seu primeiro “Hello”. Isso é mais uma prova de que, ao contrário do que Adele afirma em entrevistas, ela mudou sim. Se antes o coração partido da cantora serviu para curar diversos ouvintes, que se identificavam com as suas letras, agora ela buscou ângulos de seu coração para salvar a indústria fonográfica.

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Imagem: revista Rolling Stone

Tristeza vende, mas marketing ajuda
Pesquisas recentes mostram como os discos de vinil, aposentados há alguns anos, retornaram e apresentam uma grande oportunidade para as gravadoras que pretendem continuar ganhando dinheiro com a venda de álbuns físicos. Não apenas as gravadoras agradeceram o retorno desta moda, como muitas fábricas já voltaram a produzir diversos modelos de toca-discos.

Adele também é uma moda que voltou, mas cada passo de seu retorno foi milimetricamente calculado pelos poderosos de sua gravadora. Se antes ela fazia música pela música, hoje não se pode dizer o mesmo, afinal, muito está em jogo quando se fala em um “álbum da Adele”. O nível da produção e a quantidade de elementos que, por vezes, contrastam com a voz da cantora demonstram isso.

Evitar que ele fosse lançado em plataformas de streaming, por exemplo, foi apenas uma das medidas tomadas para fazer com que os fãs, desesperados por suas novas músicas, comprassem o CD rapidamente para escutar no rádio do carro ou em seus tocadores de MP3.

Anunciar uma turnê bem na semana de lançamento do álbum também foi uma das estratégias que fez com que “25” ultrapassasse a marca de 3 milhões de cópias vendidas apenas em solo norte-americano. Nesse ritmo, Adele deverá vender mais álbuns no final de 2015 que os principais lançamentos deste ano juntos.

Na divulgação de “21”, Adele abriu sua casa para receber equipes de gravação, cantando em um estúdio próprio as faixas de grande sucesso de seu CD. Já em “25”, a intimidade de seu lar está bem guardada, optando por palcos de programas de TV ou estúdios maiores, onde ela mostra todo o seu poder vocal, mas pouco de sua vida pessoal. O sucesso tem suas vantagens, afinal, é comum querer proteger sua privacidade, principalmente agora que ela virou mãe e deseja uma vida mais tranquila para o seu filho, Angelo.

Para os fãs que tiveram a chance de vê-la nos palcos com o álbum “21”, a mudança será ainda maior em sua turnê. Ao invés de teatros e outras casas de espetáculos menores, grandes arenas deverão ser o novo espaço da diva a partir de 29 de fevereiro de 2016, quando começa oficialmente a sua nova turnê. Quem sabe dessa maneira Adele acha um espacinho para tocar no Brasil, até mesmo em um estádio? Afinal, público não falta para a cantora.

O encanto não passou
Apesar de todas essas grandes tentativas de fazer Adele ser uma personalidade ainda maior, é impossível não se emocionar com sua voz, quando ela se permite (ou os diretores de sua gravadora?) ser vista. Como é o caso de “Million Years Ago”, na qual ela fala sobre a pressão que é perder a antiga vida para deitar nos braços do sucesso, que para muitas pessoas pode ser inseguro, mas para ela é tão certo quanto uma enxurrada de prêmios que ela deverá ganhar com seu novo trabalho.

Grande abraço!
Press Office

Thomas Agnus https://www.duniverso.com.br/

Autor do livro “O Emburrecimento do Mundo – Dicas Para Extinguir Uma Raça”, lançado pela Editora Viseu. Fundei o Portal Duniverso em 2009, iniciando minha saga como escritor.
P.S.: Nem todos os artigos são de minha autoria. No final de cada um encontra-se o nome do autor.

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